segunda-feira, 9 de novembro de 2009

GESTÃO DE SOBREVIDA

A palavra sobrevida traz para mim a imagem da inércia. Todos, sem exceção, praticam a máxima: deixa estar, como está, para ver, como é que fica. Visualizo um grupo envolto em uma substância fétida até o queixo. A substância quase atingindo a boca dos indivíduos. Todos parados. Estáticos. O menor movimento pode desencadear uma onda. Digamos uma marolinha do Lula. Aí. Nesse exato momento, a única alternativa é fechar a boca e prender a respiração. Senão, come merda.

Vejam até nessa imagem tão negativa, onde ninguém pode fazer nada, é preciso gestão. Alguém precisa fazer algo. Alguém tem que gerenciar o grupo, de modo a impedir qualquer movimento. Se isso é possível ou não é outra estória.

Existem algumas empresas que privilegiam o status quo. Conscientes ou inconscientemente querem suas pessoas repetindo diuturnamente a mesma função. Não há preocupação com o desenvolvimento de pessoas. Não há carreira. As mudanças são raridades. Porém, mesmo aí, mudanças acontecem. Nessas ocasiões busca-se a solução no mercado, fora da empresa. Promoções internas são esporádicas. Nesse ambiente pessoas dinâmicas e interessadas se desesperam. Saem em busca de novas oportunidades. Indivíduos mais conservadores, fóbicos a mudanças, ficam estáticos. Aceitam a monotonia. Embora, sintam algum desconforto não tem consciência do fato gerador. A responsabilidade da gestão, nesse caso, é da empresa. A dinâmica do mercado aliada a política e a gestão da empresa levam a resultados desastrosos no médio ou longo prazo. Invariavelmente levam-na a óbito e os indivíduos ao desemprego.

Assim como as empresas existem indivíduos que privilegiam o status quo. Estão tão satisfeitos com a vida que julgam que qualquer mudança estraga. Esses indivíduos não percebem que a vida não é estática. A única certeza é a constante mudança. Assim a única maneira de manter o status quo é manter-se em constantes movimentos, sincronizados com as mudanças da empresa, do mercado, da vida. Na loucura de manter-se, idealizam processos de sobrevida. Processos que prolonguem por mais algum tempo o status de vida alcançado. Esses indivíduos não gestionam são gestionados. A empresa e a liderança os obrigam a constantes movimentos. Tiram-nos da zona de conforto e colocam-nos em provações cada vez mais vexatórias. Com o tempo, o desgaste, a falta de empenho, a falta de motivação, conduz esses indivíduos a performances medíocres. O resultado também é desastroso. Invariavelmente levam-nos ao desemprego.

A conclusão me parece simples. Não há como ter sucesso na gestão de sobrevida. Leva as empresas a óbito e os indivíduos ao desemprego. Embora, como o próprio nome diz é sempre possível prolongar um pouco o status de vida alcançado. Impossível é mantê-lo indefinidamente.

Vehio.

Um comentário:

  1. Vehio....

    Adorei suas cronicas...vc tem talento pra isso tambem.

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